Máquina Libratus vence humanos pela primeira vez no pôquer
Imagine o seu smartphone ser capaz de negociar o melhor preço de um carro novo para você - essa é uma das possíveis implicações da inteligência artificial ter vencido humanos no pôquer pela primeira vez, dizem os peritos.
Libratus, uma IA desenvolvida pela Carnegie Mellon University (CMU), arrecadou mais de $1.7 milhões em fichas, jogando contra 4 dos melhores profissionais de pôquer no mundo, numa maratona de torneios de pôquer que durou 20 dias, em Filadélfia.
Enquanto que as máquinas já conseguiram derrotar humanos nas últimas duas décadas, em jogos como o xadrez, a vitória de Libratus é significante, pois o pôquer é um jogo com informação imperfeita, ou incompleta - semelhante ao mundo real, onde os problemas não estão todos expostos.
A dificuldade em entender o comportamento humano é uma das principais razões porque o pôquer era considerado imune às máquinas.
“A habilidade da melhor Inteligência Artificial para raciocínio estratégico com informação incompleta terá ultrapassado a dos melhores humanos.” disse Tuomas Sandholm, professor de Ciência de Computadores na CMU, que criou Libratus em conjunto com o estudante de doutoramento Noam Brown.
A vitória levantou questões vindas de empresas por todo o mundo, buscando usar o algoritmo de Libratus para resolução de problemas.
“Ele pode ser usado em qualquer situação onde a informação seja incompleta, incluindo negociações, estratégias militares, segurança cibernética ou até mesmo tratamentos médicos” acrescentou o professor.
Uma das principais razões para a vitória de Libratus foi a capacidade da máquina blefar humanos. “O computador não pode vencer no pôquer se não for capaz de blefar” disse Frank Pfenning, diretor do departamento de Ciência de Computadores na CMU.
Dong Kim, um dos quatro jogadores de pôquer de topo que participaram no torneio, fez as suas declarações. O jovem de 28 anos tinha também participado num outro torneio de pôquer semelhante, com outra máquina de inteligência artificial, construída também pela CMU em 2015, chamada Claudico. “Estava a meio do desafio com Libratus e já sabia que não seria possível dar a volta” disse Kim. “Tinha muito menos bugs no algoritmo. Quando jogámos contra Claudico, só tínhamos de blefar sempre, mas desta vez senti que fosse exatamente o contrário a acontecer.”
Na batalha contra Claudico, os jogadores humanos conseguiram arrecadar mais de $700,000, em cerca de 80,000 mãos, ganhando em quase todos os dias do torneio. Já na batalha contra Libratus, os quatro profissionais de pôquer apenas conseguiram ganhar 5 dias, dos 20 que o torneio teve, e dividiram um prêmio no valor de $200,000 baseado no seu desempenho.